Conheça a tradição dos tapetes de Arraiolos
ARRAIOLOS é também a história dos tapetes bordados à mão por gerações e gerações de bordadeiras que fizeram chegar até aos nossos dias o nosso mais genuíno artesanato: o “Tapete de Arraiolos”.
Os Tapetes de Arraiolos, têxteis bordados de qualidade são, de há séculos, imagem de marca a que a vila e o concelho são indissociáveis.
Arte antiga feita de muitos “saberes” e um mesmo “saber fazer” que artesãs exímias souberam construir.
Manifestação artística conhecida em todo o mundo, os Tapetes de Arraiolos ocupam um lugar de destaque entre as artes em Portugal. A sua origem em Arraiolos é uma história longa de séculos.
A referência escrita mais antiga feita a um tapete de Arraiolos encontra-se no Arquivo Municipal de Arraiolos e data de 1598. Refere o inventário de Catarina Rodrigues, mulher de João Lourenço, lavrador e morador na herdade de Bolelos, termo de Arraiolos: “hum tapete da tera novo avalliado em dous mill Reis “. Menos de quatro anos depois, outra referência, também num inventário de lavradores do termo, Manuel Alvares e Andresa Gonçalves, moradores na herdade da Pereira: “hum tapette pequeno feito na teRa avaliado em seiscentos reis “.
Ainda neste Arquivo, em 1608 encontramos descrito um exemplar que a bordadeira deixou incompleto. Vem no inventário de Juliana Dordio, mulher de Belchior Meirinho, moradora em Arraiolos, na Rua da Cruz. Entre os bens do casal aparece “hum tapete por acabar avalliado em mil Reis ” e, mais à frente, “huns pouquos de novellos de fiado de lam pera tapete de cores avalliados em tressentos Reis “, “sinquo vellos de lam quatro pretos e hum branquo (…) “e “des aRateis de lam asul (…) “.
Sobre a origem e a história do Tapete de Arraiolos sabemos que dispunha a nossa vila de todas as condições para o desenvolvimento deste artesanato. Situava-se numa região pecuária, em que a lã era uma produção destacada. Quase todos os inventários de lavradores incluem quantidades significativas deste produto em diversas fases de preparação. Por outro lado a vila contava com uma importante actividade têxtil. No lançamento da sisa de 1573, de 122 moradores do núcleo urbano com a profissão indicada, 31 (25%) tinham actividades ligadas a esse ramo: 18 tecelões, 7 cardadores, 2 pisoeiros, 2 tosadores, 1 tintureiro e 1 surrador. Os próprios inventários evidenciam a importância dessas actividades no conjunto da população. Ora, a execução de tapetes exigia quase todas essas profissões, quer na preparação da lã e sua coloração, quer ainda na produção da tela sobre a qual o bordado se executava.
Se estas referências vieram provar que nos finais do século XVI eram executados tapetes na nossa vila, as recentes pesquisas efectuadas em Arraiolos, com as escavações arqueológicas realizadas, sem prejuízo de uma investigação mais pormenorizada, permitem recuar o inicio da produção de tapetes em Arraiolos para uma fase anterior ao Séc. XV.
De facto o estudo das amostras recolhidas nas fossas escavadas na Praça do Município, feito pelo Laboratório do Museu D’Arqueologia de Catalunya em Barcelona, identificou a presença de lã de ovelha, com restos de tintura por acção da raiz da “Rubia tintorumL”, uma das plantas utilizadas na tinturaria.
Bordado à mão por gerações e gerações de bordadeiras que os fizeram chegar aos nossos dias, o “Tapete de Arraiolos” é um riquíssimo legado que importa preservar.
A Câmara Municipal de Arraiolos tem promovido diversas acções no sentido de melhor conhecer e defender o “Tapete de Arraiolos” enquanto elemento da nossa identidade cultural mas também com potencialidades para o desenvolvimento sócio-económico do concelho.